Causou horror o
triste episódio do ciclista atropelado no último domingo, na avenida
Paulista em São Paulo. O rapaz trafegava na contramão pela pista quando
sofreu o impacto de um automóvel e teve o braço amputado. Os detalhes
mórbidos do caso, a influência do alcool sobre o motorista e a exposição
da bicicleta retorcida diante das milhares de pessoas que passeavam na
ciclofaixa de lazer, horas mais tarde, levaram o caso às manchetes da
mídia. E geraram manifestações de protesto que paralisaram a avenida.
Diariamente
recebemos notícias de acidentes envolvendo bicicletas em cidades de
todas as regiões do país, em capitais movimentadas, mas também em
pequenas localidades do interior, muitas vezes com mortes de crianças e
idosos. Enfim, trata-se de um drama cotidiano, silencioso. Se incluirmos
os milhares de atropelamentos de pedestres, os casos envolvendo
motocicletas, e os acidentes com choques entre veículos, chegamos à
triste taxa de 42 mil mortes em 2012, segundo dados do Denatran, ou
quase 60 mil pessoas, conforme cifras do DPVAT.
E um
levantamento divulgado ontem (12) pela Secretaria de Saúde de São Paulo
indica que nove ciclistas são internados por dia em hospitais públicos
vítimas de acidentes de trânsito no estado. Segundo o relatório, em 2012
foram 3,2 mil pessoas internadas pelo SUS a um gasto de R$ 3,3 milhões.
Medidas como o
controle sobre o uso de bebidas alcoólicas ou campanhas educativas
tendem a reduzir esse número, mas talvez o maior desafio seja a
reorganização do tráfego. Embora grande parte dos cicloativistas
defendam o compartilhamento das vias entre bikes e carros, a experiência
mundial mostra a necessidade de segmentar as faixas exclusivas para
ciclistas, pelo menos nas áreas mais conflituosas das cidades
Depois de Amsterdã, Berlim e Nova York, agora a prefeitura de Londres promete
investir nada menos de um bilhão de libras (cerca de R$ 3 bi) em seu
“Masterplan Cicloviário”, para a construção de ciclovias.
A capital londrina já avançou bastante na coexistência entre bikes e carros, como explica Mike Cavennet,
diretor de comunicação da London Cycling Campaign. Em sua visão, é
preciso segurança para que mais gente aceite trocar o carro pelo pedal,
mas também é preciso mais ciclistas para que a cidade se torne mais
segura para eles. "Quanto mais gente pedalando entre seus amigos e
familiares, melhor. Quanto menos ciclistas você conhece ou vê nas ruas,
mais 'motorcêntrica' tende a ser a cultura", afirma Cavennet.
Se em Londres, o
estímulo à bike busca a redução das emissões, no Brasil continuamos
queimar os combustíveis fósseis sem limitações. Em São Paulo, a meta
de reduzir 30% das emissões de gás de efeito estufa prevista na lei
14.933 de 1999, não foi cumprida pelo município. Pior, a cidade aumentou
a emissão de gás em 2010 e 2011 e tende a aumentar ainda mais nos
próximos anos em função do crescimento da frota.
Boa notícia vem de Brasília, onde o Ministério das Cidades acaba de criar um Grupo Técnico em Mobilidade Urbana que
irá reunir a Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana e
uma série de organizações da sociedade civil para reunir e gerar
informações sobre a situação da mobilidade urbana em todo o país. É um
passo básico para a geração de novos projetos.
Marcos de Sousa
Editor do Mobilize Brasil
Fonte: Mobilize Brasil
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sexta-feira, março 15, 2013
O exemplo vem de Londres
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